Mariana Macedo é arquiteta formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Durante a graduação, ela participou do programa Ciência sem Fronteira, que permitiu que estudasse na Parsons School of Design, em Nova Iorque. Foi nesse período que ela percebeu que existiam caminhos diferentes a serem seguidos dentro da arquitetura. Essa descoberta fez com que ela desenvolvesse um projeto inovador durante o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Ela percebeu que os arquitetos com quem convivia tinham um problema em comum: encontrar em um só lugar informações sobre os produtos a serem usados em um projeto. Com o tempo, ela percebeu que essa era uma demanda também dos designer, que ansiavam um lugar onde pudessem exibir os próprios produtos.
Foi assim que surgiu o Casoca, uma plataforma que reúne informações de diferentes produtos do mercado de arquitetura e decoração. Por meio do catálogo online, os profissionais da área têm acesso gratuito a informações, fotos, medidas e especificações técnicas de produtos das principais marcas do país. A plataforma disponibiliza, também, blocos 3D funcionais que melhoram o processo de representação gráfica para os projetos de interiores.
Confira o bate-papo com a arquiteta!
Como foi o processo de transformar um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em uma das maiores plataformas de arquitetura e design do Brasil?
Quando estava elaborando meu TCC,em 2018, tivemos o apoio da Universidade de São Paulo (USP), que tem um programa para trabalhos acadêmicos empreendedores. Foi a partir desse ponto que começamos com a abordagem do empreendedorismo. Nossa ideia foi testada e validada. Durante o processo, fiz muitas entrevistas para entender a dor dos usuários. E isso foi importante para tirar a ideia do papel. Hoje, tenho dois sócios: o Marcelo Martins, arquiteto especialista em renderização e representação gráfica de projetos, e o Matheus Melo, que já tinha uma outra plataforma de marketplace com o nome de Casoca, mas o modelo de negócios não estava funcionando, então juntamos as ideias. Também participamos do programa Varejo Inteligente, da CDL. Ganhamos entre as melhores startups participantes. Depois, começamos a correr atrás das marcas para ver o interesse em cadastrar os produtos na plataforma. Os arquitetos compraram a ideia e começaram a divulgar. E assim fomos crescendo. Hoje somos a maior plataforma desse tipo no Brasil. São mais de 200 marcas e 180 mil profissionais cadastrados.
Para você, como se dá a relação entre a arquitetura e o empreendedorismo?
Apesar de não aprender na faculdade sobre como montar o próprio negócio, os arquitetos são ótimos empreendedores, porque temos as competências necessárias para o empreendedorismo. Por exemplo, para fazer um projeto, precisamos entender o usuário e, rapidamente, criar uma proposta para apresentar ao cliente. Precisamos ter a mente aberta para refazer, ouvir e mudar. Essas são habilidades úteis para o empreendedorismo. O que eu fiz foi aplicar essas habilidades. O que fazemos hoje com o Casoca é diferente do caminho empreendedor traçado pela maioria dos arquitetos, que montam o próprio escritório. Eu estou muito feliz com o caminho que segui, com o aprendizado que a faculdade me deu e com os resultados que estamos tendo. Esse é um mercado que tem muitas demandas e pouca inovação. Há muitos problemas que precisam ser resolvidos, mas precisamos ter um objetivo claro para não acabar nos perdendo.
Agora, há o intuito de transformar o Casoca em um hub de informações sobre arquitetura e design. De onde veio essa ideia?
A partir do momento que vimos que a ideia da plataforma estava bem aceita no mercado, começamos a explorar novas possibilidades, e vimos que nosso forte é a troca de informações. Hoje, temos uma newsletter semanal com mais de 140 mil inscritos. Temos um podcast que surgiu para inspirar os profissionais. Vimos que as marcas têm problemas na hora de comunicar as novidades aos clientes. Então estamos fazendo com que a plataforma tenha mais valor para o usuário e as marcas.
Quais as dicas você dá para quem quer empreender?
Não tenha medo de errar. Eu sou uma pessoa muito executora e, se não fosse isso, talvez não teria nem começado. O segredo é “pegar e fazer”, sem medo e sem vergonha. Se você fica muito no campo das ideias, a coisa não anda. É muito importante também aprender a ouvir e estar aberta a novas ideias e testá-las à medida que elas aparecem. Em resumo é isto: ouvir e testar.